quinta-feira, 4 de julho de 2013

Canudo

E ele me confidenciou que durante a viagem de ônibus para Paraty, a sua primeira viagem sozinho para um mundo que se abria, ele se apaixonou. Chegou cedo, nervoso, ansioso, sentou-se à janela quando tudo ainda era vazio. Logo outros passageiros se acomodaram e, bem ao seu lado, ela, com cachos negros e face rosada. Durante o percurso a saia longa dela dançava sobre seus pés, ele sentia um arrepio ao imaginar que se os seus olhos fossem nas pontas dos pés só teria que olhar para cima para ver o contorno das pernas dela sob a saia. 

Na última parada decidiu "preciso beber alguma coisa". No posto comprou uma lata de cerveja e voltou correndo para seu assento. Era também a primeira vez que beberia cerveja. 

Minutos antes da saída ela volta ao ônibus e sorri para ele dizendo que nunca tinha visto antes alguém tomar cerveja de canudo.

Ele ficou tímido, vermelho, com vontade de jogar o canudo pela janela... "Mas o quê que tem? Você está tomando seu refrigerante de canudo, por que não posso fazer o mesmo com a cerveja?" 

Ela disse que achou estranho, só isso. 

O silêncio reinou até o fim da viagem.

Nenhum comentário: