quinta-feira, 24 de março de 2016

Renasci



Aprendi com meu pai o significado da Páscoa quando eu ainda era uma criança e ele um teólogo, filósofo, mas, sobretudo, um professor. Meu pai me ensinava religião no sentido etimológico da palavra, com a intenção de me "re-ligar" ao sagrado que eu já era.

Anos depois eu senti o significado da Páscoa em mim, através da minha viagem pela Índia, no ano passado, que culminou em um ritual de iniciação espiritual que completa um ano amanhã, 25 de março de 2016. 

É sempre tempo de renascer e começar de novo. É sempre tempo de aprender e se religar àquilo que se acredita ser eterno. 

Há uma eternidade em mim que me liga à centelha de vida presente em todas as estrelas do universo, poeira cósmica que sou, ciente da grandeza-pequeneza de cada uma existência e de todas elas em comunhão. 

Como veículo humano me sinto cada vez mais uma buscadora de mim, como uma viajante que desconhece a bagagem que carrega, mas que a descobre através dos passos que dá. 

Há um ano eu quis conhecer meu rosto, um além de mim que os cabelos velavam. Eu quis abdicar dos longos fios que me ligavam ao que não era eu e diante de um mestre verdadeiro eu sucumbi. Entreguei a ele a parte invisível do excesso de personalidade que eu carregava, em seguida fui deixar com ela, a Ganga — o rio sagrado para os hindus — aquilo que eu mais via ao me olhar no espelho. 

Vêm de séculos este costume humano de ritualizar no estado concreto as cerimônias mais profundas que acontecem na alma. O que fiz eram somente símbolos do que acontecia simultaneamente dentro de mim. E, por sorte minha, acontece ainda. 

Gratidão, vida! Gratidão, amor! Gratidão, Guruji!❤️❤️❤️