sábado, 31 de dezembro de 2016

O que acabou

Quero compartilhar com vocês que meu mundo acabou muitas vezes nessa vida.

Um dia meu pai enfurecido me deu uma sapatada na cabeça, outro dia uma garota que eu considerava uma grande amiga me chamou de “rabo” na frente de todos os colegas e me pediu grosseiramente para parar de seguí-la no intervalo da escola. Percebi que não era a filha preferida da minha mãe. Meu amor platônico passou por mim no corredor do colégio e não me disse nem “oi”. O primeiro namorado com quem eu, ingenuamente, acreditava que dividiria uma vida disse que não queria mais me namorar. Uma professora que confiava muito em mim me pegou colando na faculdade. Fui traída, rejeitada, mal amada por uma grande paixão. O médico do meu pai disse que o câncer dele tinha voltado. Passaram muitos meses, e até mesmo anos, e o grande amor da minha vida, mal se dava conta do quanto eu o amava. 

Para cada vez que meu mundo acabou ele também recomeçou, em processos mais e menos lentos. Meu pai me abraçou e me amou com o olhar, diversas vezes, tanto que ainda o tenho comigo mesmo na sua ausência. A amiga que me rejeitou na escola se tornou uma foto na minha lista de conhecidos do facebook, minha mãe tem orgulho por eu ser a filha que mais se parece com ela, no jeito de ser. Meu amor platônico não era meu grande amor. Sou muito grata ao meu ex por não ter se casado comigo. A professora que me pegou colando soube de uma parte desonesta que faz parte de mim por mais que eu tente esconder. A grande paixão que me fez sofrer, sofreu muito por me perder. Os anos de vida do meu pai com câncer foram uma oportunidade única de dar e receber afeto como se cada instante fosse o último (na verdade todos os instantes com as pessoas que amamos podem ser o último, mas quase nunca nos damos conta disso). E o grande amor da minha vida? Um dia, finalmente, percebeu que eu também era o amor da vida dele. Mas isso ainda é só o começo. Mais um...

Muitos começos e recomeços para todos vocês!

Beijos de luz,

Aline***
(31/12/2012)

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O Caminho da Comunicação Não-Violenta

Ontem, 1º de outubro de 2016, acordei cedo, um pouco mais inspirada e impactada que o normal. Fruto da noite anterior. Segui para dar continuidade ao workshop de Comunicação Não-Violenta, com Dominic Barter. No caminho (a vida toda é esse caminho, mesmo quando não o noto) passei por pessoas que tinham acordado de mais uma noite dormida embaixo de um viaduto. Olhei para elas e por algum motivo eu senti que "via" aquela existência tão distinta da minha (algumas palavras às vezes precisam de aspas para que seu sentido seja reforçado após o desagaste do uso). Eu via, notava, sentia e percebia o humano em nós, o que me separava e me unia a elas. Segui meu caminho mais presente de mim mesma e delas. 
Ontem também foi o primeiro dia do Navaratri, o festival da cultura védica que comemora/revive o embate de 9 dias da deusa Durga com um demônio Mahisha que se divide em centenas de outros demônios, uma batalha que acredita-se acontecer também internamente e sistemicamente. 
A comunicação não-violenta tem sua origem também nesta cultura. "Ahimsa" uma palavra para determinar aquilo que não é violência, justamente porque aquilo que é a não-violência, de tão sublime, não pode ser denominado. Como se o nome, ou palavra, fossem diminutos demais para determinar um conceito que está além do que se pode ser dito ou escrito. Assim, falar de comunicação não-violenta, em sua origem, é falar de algo sagrado, que nos estimula a falar (não com a boca, mas com todo o corpo, incluindo nossos silêncios, sangue, carne, olhar) do sagrado em nós (do secreto em nós!) que não costuma ser dito, ou exposto. 
Martin Luther King dizia que começamos a morrer quando deixamos de falar sobre as coisas que importam. Concluo que falar sobre o que nos importa traz potência à vida. Acorda o sagrado.
Acorda a religiosidade, em seu caráter original [de acordo com sua etimologia]: religar. Reconectar. Assim me sinto. 
Ontem os "demônios" morreram um pouco. Em pleno primeiro dia de Navaratri a espada de Durga cortou a cabeça do búfalo que Mahisha havia se tornado, mas de cada gota de sangue outros demônios se personificavam. Então a deusa na forma de Kali bebe todo esse sangue e finca sua espada no coração de Mahisha, o egoísmo.
Nossos demônios são mortos quando são reconhecidos e integrados. O demônio do outro se dissolve quando vejo que o mesmo demônio existe em mim. Estou tão ligada ao outro, mesmo que não veja ou perceba isso sempre, que não há como não impactá-lo e não ser impactada. O inimigo é meu próprio egoísmo e isolamento que me separa dele e de mim. Que não quer penetrar ou beber daquilo que o outro é, ou daquilo que eu sou. É bebendo do outro que minha potência se revela. 
O caminho para a verdade. 

#DominicBarter #CNV #comunicaçãonãoviolenta

Um barquinho de papel no oceano

Amado Guruji:
Eu compreendi o que me faz amar você: é o seu amor por mim!
O seu amor desata os nós do meu coração e permite o fluir do amor (por você) de uma forma que eu não saberia mensurar. Então o meu amor por você vai invadindo tudo que há em volta. Vai preenchendo de amor a minha relação com meu pais, com minhas irmãs, com meu marido, com as pessoas que trabalham comigo, com a natureza, com o céu, com o sol, a lua e as estrelas... Eu simplesmente sinto esse amor, como um presente que seu olhar me dá. Como uma joia preciosa que recebo em seu sorriso. E, de repente, acontece um fenômeno. Sou capaz de receber o amor que você oferece ao mundo. Eu recebo o olhar e o amor que flui do seu coração para todas as direções, eu sinto sua mão tocar a minha cabeça, quando você acolhe qualquer outra lágrima que não seja a minha. Pois é como se o mundo todo fosse eu e você. E também recebo seu amor em todas as pessoas, e todas as coisas, nas flores perfumadas que você envia pelo caminho onde andam meus passos, nos raios de sol que tocam as folhas das árvores formando desenhos de amor pela minha jornada, eu vejo se aproximarem de mim pessoas que me trazem o seu sorriso, o seu carinho, o seu amor... E vejo todas as lições que você me ensina, sem palavras, mesmo quando aparentemente não está comigo. Só aparentemente, pois você está comigo sempre, misturado a mim... Você é sim o meu coração, o mais puro do meu ser, e essa é a maior alegria da minha vida, a minha maior gratidão, o encontro mais valioso, a revelação que me encerra e me inicia, a descoberta brilhante e doce da minha história. 

Então te envio esta mensagem, como que escrita em um barquinho de papel que eu lanço neste oceano de vida que nos une. ❤️ 
18/07/2016

#sriprembaba #prembaba #paidoamor

Primeiro caderno

Em tempos de muita tecnologia ainda sou dessas que coleciona cadernos. Fica em cada linha um pedacinho do meu ser espalhado, remoído, vivido, sonhado. 

No Colégio Nahim Ahmad valorizamos esse símbolo de tanto afeto, eternizado na música "O caderno", de Toquinho. 

Aprendi a gostar de suas páginas através da ternura de duas mulheres e um homem. Ele era meu avô, que anotava em seu caderno de brochura a contabilidade de seus negócios. Eu nem sabia ler, via naquelas letras e números um traço único que subia e descia na linha. Eu gostava de rabiscar uma folha para imitar. Uma das mulheres foi minha mãe, professora, com pilhas de cadernos para corrigir e uma doçura em querer me introduzir na escrita. A terceira foi minha professora da segunda série. Com muita sensibilidade, ela decorava a lousa com frases, flores e estrelas, eu fazia o mesmo no meu caderno e aquele objeto virava jardim e luz, uma lembrança etérea da criança que fui e sou. 
Anos depois esta professora foi reconhecida, passou a coordenar a equipe de professores e por seus olhos claros e brilhosos resolveu através de invenções que saíam de seu coração no formato de ideias para os alunos. Uma de suas primeiras iniciativas foi criar um dia solene para o recebimento do "Primeiro Caderno": o momento mágico de transformação do instante em história, do momento em trajetória. 

Os alunos do Pré I fazem as atividades em folhas solteiras, soltas uma da outra, não há início, não há fim, só presente. Até que recebem o primeiro caderno, ali ficarão os primeiros registros, os primeiros progressos. Um caderno que os seguirá "do primeiro rabisco até o bê-a-bá".

A professora que tive é hoje a diretora do colégio, Alzira Torrado. Ela manteve as delicadezas que sempre criou para o calendário de eventos anuais da escola. Neste sábado, os alunos do Pré I vão receber das mãos dos veteranos, do Pré II, o primeiro caderno. 

Esta é mais uma ideia inspirada e bonita, de nossa diretora Alzira, que eu aplaudo com toda admiração, a mesma da criança de tranças que olhava a sua lousa, a "muitos-alguns" anos atrás. 

Amigas

Eu tinha 5 anos quando fui para escola pela primeira vez. Até então eu brincava com minha irmãs, menores que eu. Quando conheci uma ruivinha, carioca, descolada e risonha percebi que ela tinha uma segurança que eu ainda não sabia o que era. Nasceu uma admiração e uma amizade. Acho que também dividíamos uma paixão: Eduardo Alexandre.  Michelle Lima era seu nome. Mas eu nunca mais a vi, não sei se foi ela ou eu quem saiu da escola antes. Lá se foi uma infância de saudade da amiguinha. 
Então conheci Sabrina, aos 7, depois Tatiana Mendonça, aos 9, (as procuro até hoje), todas admiráveis, cada uma a seu modo. Sabrina criativa, completava os desenhos que pintávamos com árvores e flores diferentes. Eu copiava. Tatiana era estudiosa, educada, bailarina...
Anos depois finalmente pude estudar de manhã, meus pais preferiam à tarde. Tantos colegas novos, entre eles uma amizade antiga, tínhamos estudado juntas na infância, mas já éramos adolescentes. Era o único rosto conhecido, Georgia Regina, ela era linda, popular, eu, tímida, a seguia o tempo todo. Acho que isso a irritava. Era um peso. Com 13 anos estávamos descobrindo os relacionamentos (acho que bem mais ela do que eu). Eu a admirava também. Mas me sentia diferente e excluída. Minha salvação foram as doces Gabi, Pity e Juliana Juliana Reis Moreira. Uma vez nos lambuzamos uma a outra cheirando shampoos no supermercado. Tudo era motivo de muita risada. 
Por volta dos 15 anos resolvi fazer um curso diferente, eu já era outra, queria amigos novos que não me vissem com olhos viciados pelo passado. Conheci a linda Gláucia Lucas. Eu, ela, Regina Videira e Lilian éramos um grupo animado e unido. Pela primeira vez, além de admirar minhas amigas eu sentia que eu também era admirada e querida. Fui muito feliz com elas. Lembro de sairmos para dançar juntas e nos divertirmos muito indo pra escola no dia seguinte, quase sem dormir. 
Na faculdade passei de novo pelo desafio de conhecer amigas. Helen Carvalho e Juliana Cavalcante eram altas, magras, atraentes para os rapazes. Recebi delas proteção ( Helen me defendia de tudo e de todos) generosidade, amizade, carinho... 
Depois de me formar retomei uma amizade de escola, antiga, mas que não tinha sido uma amiguinha e sim minha professora da 2ª série Alzira Torrado, a sua torcida por mim e a minha por ela nos tornou confidentes. O mesmo aconteceu, naturalmente, quando conheci Renata. Relação pautada por admiração mútua, afinidades filosóficas e poéticas, assuntos que sempre nos uniram e reuniram, na história de nós. 
❤️🙏🏻
Olhando para a história da minha amizade com o feminino concluo que mais admirei do que fui admirada, mais recebi do que me senti doando. Recebemos o que entregamos. 🙏🏻

Concluo, também, que a escola é o grande palco para o encontro das amizades. Por isso é tão importante. Pois a escola passa, as amizades ficam 🙏🏻❤️

Sou muito grata às amizades que tive, mulheres que marcaram minha vida. Sem as experiências com elas eu seria outra pessoa. 

(Ainda falta contar sobre as vizinhas Daniela Portela e as Kurita: Luciana, Thais e Emi. ❤️🌸)

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

GPS da alma

Há alguns anos eu comecei a compartilhar alguns insights da minha busca por autoconhecimento. 

Está é, sobretudo, uma jornada interna. É preciso atravessar dores do passado (são sempre elas que plantam o sofrimento do presente), porém por serem as "raízes", na maior parte estão em áreas de difícil acesso consciente, protegidas por camadas de amortecimento, esquecimento e apego. É isso que fazemos com a dor, não é? Escondemos em porões escuros, para ninguém ver, principalmente nós mesmos, para não sentir. 


Só que junto com a dor negada está a nossa essência, a espontaneidade, também condenada aos porões do nosso ser, pois é só na liberdade do que realmente somos que sentimos a vida inteiramente. Só assim somos feridos, mas também só assim abrimos nossos canais para receber amor, alegria, união. Se nossos canais estão fechados, se nossos sentimentos estão reprimidos, vivemos uma vida artificial. 

Meio-sorrisos, meias-alegrias, meios-amores, meios-relacionamentos, meias-entregas... Nada é inteiro e vivo. 


Até que alguns raios de luz, lampejos de consciência, atravessam as frestas das portas que protegem o porão. Somos banhados por uma luminosidade, por instantes, que, às vezes ilumina a nossa dor, parece que vamos morrer (quando na verdade é só um sinal que ainda estamos vivos mesmo após tanto amortecimento), ou então, ilumina a nossa alegria, o amor, somos capazes de sentir novamente um prazer puro, um gosto de infância feliz, de abraço verdadeiro, de amizade, de "eu te amo" em silêncio. Respiramos fundo para sentir!


São sempre poucos instantes, mas suficientes para nos lembrar quem somos, o que viemos fazer aqui. Dura até o esquecimento do momento seguinte...


Mas há os que sustentam esses instantes. São raros! Na simples presença deles somos iluminados por sua luz. Sentimos ainda mais fortemente este acesso de consciência. Estes seres são poderosos, porque são eles mesmos. Não fingem, não escondem a dor, não maquiam os sentimentos, por isso os chamamos "iluminados", "mestres", "gurus", "santos". Eles nos lembram que é possível o despertar em vida. Generosos que são nos ensinam o caminho que percorreram, nos oferecem o mapa de percurso. São o GPS ou o Waze da alma. Têm o localizador perfeito. Eles nos encontram. E se estivermos prontos nós os encontramos também. 


São o símbolo externo do que há dentro de nós. Até sermos capazes de nos fundirmos no que eles são. A luz é a mesma. A nossa só está apagada. 

domingo, 14 de agosto de 2016

Todo amor é o mesmo amor

Hoje o Facebook me lembrou que em 2011 postei uma foto, em outro 14 de agosto, também pelo dia dos pais. Agora o observo e continua tão vivo em mim esse homem. Eu ainda me despeço e me pergunto se o tenho deixado ir... Se é que é possível que se vá tendo deixado tanto de si em mim. Tenho contado nossas histórias e nosso amor nas minhas histórias e no meu amor. Tenho revivido nossas memórias e reescrito o que vivemos. Pai, amanhã realizarei um grande sonho, você e mamãe bem sabem do quanto desejei expressar meus dons em um livro oferecido à vida, ao mundo. Já sinto o acolhimento das minhas palavras (com você nelas) e percebo que os pais sempre povoam os filhos. É pelos filhos que o humano conquista a eternidade. Eu que ainda não tenho um em carne, sangue e espírito te ofereço esse "neto" de papel, um filho de páginas que nasce também do nosso amor, esta história jamais poderia ser contada sem que você me permitisse vivê-la. Foi sob o seu sonho que ela aconteceu. Que todos a possam ler e compreender um pouco desse amor. Pois todo amor é o mesmo. E o amor original sentimos a primeira vez pelos pais. Desse amor nascem todos os outros. Te amo!

(Amanhã, segunda 15/08, às 19h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, venham celebrar comigo o amor, no lançamento do meu livro "Paulo, inspirado em uma história de amor real")

Para ler trechos do livro e confirmar presença: https://www.facebook.com/events/288206321542013/?ti=icl

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Pessoas como o pôr-do-sol

Um dos sentimentos mais gratificantes que conheço - e também um dos que mais oferecem possibilidades de crescimento para a outra pessoa - advém do fato de eu apreciar essa pessoa do mesmo modo como aprecio um pôr-do-sol. As pessoas são tão belas quanto um pôr-do-sol justamente pelo fato de não o podermos controlar. Quando olho para um pôr-do-sol, como fiz numa tarde destas, não me ponho a dizer: 'diminua um pouco o tom do laranja, ponha um pouco mais de vermelho púrpura na base e use um pouco mais de rosa naquela nuvem'. Não faço isso. Não tento controlar um pôr-do-sol. Olho com admiração a sua evolução. Gosto mais de mim quando consigo contemplar assim um membro da minha equipe, ou meu filho, ou minha filha, meus netos. Acredito que esta atitude tenha algo de oriental. Para mim, é a mais gratificante (Carl Rogers, Um Jeito de Ser).

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Alto Paraíso e seus mistérios

Passei este feriado em Alto Paraíso (GO), mais precisamente no Portal da Chapada, um local de paisagens e exuberância da natureza incríveis. 

Sri Prem Baba instalou seu Ashram por ali, para receber buscadores da verdade de todo o mundo. São falas diárias de muito conhecimento e beleza. Estar na presença dele continua me impactando profundamente. É natural que o aprendizado provoque mudanças internas, insights, alegrias novas e reconhecimento do que é antigo e não serve mais. 

As conexões também se ampliam interna e externamente. É comum que você pense em alguém e a pessoa apareça na sua frente. Ano passado lembrei de uma amiga que não via há anos. Horas depois ela estava lá. Com mais sensibilidade vamos aprendendo a ler os sinais e interpretar o mistério da vida. 

Sinto muita gratidão pelos momentos vividos lá e por todo que eles deixam em mim. 🙏🏻❤️

terça-feira, 3 de maio de 2016

Sobre vícios e amortecimento

Por que tantos amigos (queridos) associam alegria, bem-estar, descanso e feriado ao consumo de bebida alcoólica? Pelo visto os publicitários das grandes marcas entram em nossas cabeças (na minha não nesse caso, mas quando se trata do consumo de moda eu preciso reconhecer que eu caio como uma patinha) e nos convencem sobre o que é felicidade. Até parece que a alegria cabe dentro de uma garrafa, e cabe mesmo, para os que acreditam nisso. 
Só queria trazer um pouco de consciência para olharmos nossos vícios e refletirmos se esta alegria é verdadeira ou se é uma fuga daquilo que não queremos sentir?(seja o que for)
Os vícios tampam os buracos das sensações com as quais não queremos ter contato. Podemos até fazer uso deles, mas propagar que isso é um bom jeito de se curtir o domingo, ou sábado, ou o feriado? Para mim parece uma atitude sem consciência, uma confissão de angústia. Estamos mudando os valores de lugar, não?
Não estou julgando como quem olha de fora, mas como quem olha de dentro, pois também tenho meus vícios e acho que também sinto vontade, às vezes, de propagá-los para confessar-me. Então questiono a você e a mim. Que orgulho é esse que sentimos quando amortecemos nosso sentir consumindo, bebendo, comprando?
(Escrito em 3 de maio dd 2015)

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Irritado ou irritável?

Se você encontra uma pessoa conhecida na rua e ela faz uma determinada cara quando te vê, você pensa: "Por que será que ela fez essa cara? Será que ela gosta de mim? Será que ela não gosta? Será que ela me acha feio? Será que ela gostou de ter me encontrado? Será que ela percebeu que eu não gosto dela?" Enfim, qualquer pensamento. Neste caso acontece tudo, menos um encontro verdadeiro de aceitação à pessoa, à vida e à si mesmo.
Em um relacionamento (de família, de amor, de amizade, etc) esses pensamentos podem ser ainda mais destruidores, porque eles não são reais e nos impedem de viver o momento, de viver o encontro, de realmente estar inteiro e receber o outro na sua inteireza particular em um processo de aceitação que envolve aceitar e amar a realidade do jeito que ela é, estando presente. É muito gostoso estar em contato com essa energia.
O aborrecimento, o ciúme, a raiva, etc., podem durar um segundo, são emoções fluídas como todas as outras (como os pensamentos) a ideia é aceitar essa emoção (ou esse pensamento) e deixar fluir sem se apegar. O sofrimento está no apego que temos à essas emoções e pensamentos venenosos... Se você se sente apegado a pensamentos ou emoções negativas é uma oportunidade para olhar para esse apego. Ou seja, ao invés de pensar: "esta pessoa está me traindo" escolher pensar "eu sou uma pessoa que se sente traída diante de tal situação". Ao invés de pensar  "que pessoa irritante!" escolher pensar "eu sou uma pessoa irritável". Ao invés de olhar para o outro olhar para si mesmo. Somos a única possibilidade de mudança que existe.
(Escrito em 7/4/2014)

quinta-feira, 24 de março de 2016

Renasci



Aprendi com meu pai o significado da Páscoa quando eu ainda era uma criança e ele um teólogo, filósofo, mas, sobretudo, um professor. Meu pai me ensinava religião no sentido etimológico da palavra, com a intenção de me "re-ligar" ao sagrado que eu já era.

Anos depois eu senti o significado da Páscoa em mim, através da minha viagem pela Índia, no ano passado, que culminou em um ritual de iniciação espiritual que completa um ano amanhã, 25 de março de 2016. 

É sempre tempo de renascer e começar de novo. É sempre tempo de aprender e se religar àquilo que se acredita ser eterno. 

Há uma eternidade em mim que me liga à centelha de vida presente em todas as estrelas do universo, poeira cósmica que sou, ciente da grandeza-pequeneza de cada uma existência e de todas elas em comunhão. 

Como veículo humano me sinto cada vez mais uma buscadora de mim, como uma viajante que desconhece a bagagem que carrega, mas que a descobre através dos passos que dá. 

Há um ano eu quis conhecer meu rosto, um além de mim que os cabelos velavam. Eu quis abdicar dos longos fios que me ligavam ao que não era eu e diante de um mestre verdadeiro eu sucumbi. Entreguei a ele a parte invisível do excesso de personalidade que eu carregava, em seguida fui deixar com ela, a Ganga — o rio sagrado para os hindus — aquilo que eu mais via ao me olhar no espelho. 

Vêm de séculos este costume humano de ritualizar no estado concreto as cerimônias mais profundas que acontecem na alma. O que fiz eram somente símbolos do que acontecia simultaneamente dentro de mim. E, por sorte minha, acontece ainda. 

Gratidão, vida! Gratidão, amor! Gratidão, Guruji!❤️❤️❤️

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Meu aniversário

Entre eu e minha sobrinha existe um vácuo de quase 35 anos. Momentos que preenchi com muito amortecimento e distrações mas que também me deixei levar e foi como se a vida me arrancasse um beijo ou me exigisse os sonhos para me dar seu sangue. A alegria veio quando a vida sangrou de tanta fricção, e não cabe aqui nenhuma conotação sexual - mas também sexual, por que não? Se é do sexo que a vida nasce e permanece - me refiro a fricção no sentido daquilo que é experimentado com força e à exaustão. A alegria assim é conquista. Mas há também uma outra, a presente, a que acontece em um suspiro, no instante de um olho piscar, em um perder-se ou encontrar-se, numa epifania que atenta "eu existo e isto basta". Pode durar apenas um segundo para sentir ambas, pode levar 35 anos (ou mais!) para percebê-las. Por essas alegrias (eu agradeço!) a minha existência foi criando significado. E mesmo com algum sentido, para a minha vida, é cisma minha continuar inventando novos... Novos sentidos! 
...Quando olho uma criança percebo que andamos ao contrário nos distanciando de nós mesmos para, só na velhice, fazer o caminho de volta ao nosso próprio encontro.  ...A solidão do útero, a solidão dos anos, mas a companhia que a gente deve aprender a gostar: a nossa. É acostumar-se consigo que nos permite uma aproximação mais verdadeira e real com os outros. Bom, em um dia como hoje os textos ficam como a vida, sem um fim determinado. Feliz aniversário, Aline!
(Escrito em 18/02/2014)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

É feio chorar?

Estou no aeroporto. Uma criança de, aparentemente, 1 ano começa a chorar. A mãe é carinhosa, a pega no colo e diz carinhosamente: "Que feio, páre com esse choro feio, filha. Que feio chorar..."
O carinho e amorosidade desta mãe é perigoso, pois oculta a crueldade de seu discurso, mesmo não sendo intencional ou consciente. 
Torço para que a criança não entenda, para que não aprenda que é feio chorar. Mas dificilmente isto não acabará por ser aprendido em algum momento. 
É feio chorar?
É tão difícil para um adulto ter a sensibilidade de perceber  que dizer a uma criança que é feio chorar é o mesmo que impedi-la de sentir ou de expressar seus sentimentos?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

No olhar de uma criança

Eu quero sempre ter a consciência da beleza, privilégio e sorte do que eu faço, de como eu levo meus dias, da importância e riqueza do meu trabalho. 
Eu quero sempre me emocionar com a expressão pura das crianças, manter o encantamento pelo que elas me ensinam e a reverência pelos mestres que elas são para mim. (3/2/2014 - há 1 ano)
Eu quero sempre me lembrar quem sou e o que vim fazer neste mundo. E sempre agradecer, por ter encontrado no olhar e sorriso de uma criança (um mestre que conheço e que transformou minha vida para sempre) a resposta para todos os mistérios do mundo — os que não precisam de resposta pois se encerram na doçura desse olhar que expressa todo amor possível e impossível, além de todas as linguagens e geografias.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Primeiro dia de aula

Passamos dias, e semanas, e horas, aguardando, planejando, sonhando, com este momento. São várias e várias cabeças pensando, muitos corações agindo. Sabemos que somos também pensados e aguardados por outros corações mais jovens que nós. São crianças e adolescentes que nos permitirão participar de suas vidas. Enfim, o primeiro dia de aula, o momento esperado, ao mesmo tempo, de sensações inesperadas. Quem virá? Quem entrou? Quem saiu? Quem eu serei? 
O baú de escolhas se abre com seus reflexos ilimitados. São futuros que se moldam na velocidade do pensamento. Em um estalo não somos mais os mesmos, não seremos mais os mesmos, porque esse encontro muda todo o resto de nossas vidas. Está apenas começando. Mais um ano de inícios. Com toda a vontade de que jamais se complete, termine ou acabe a minha missão de educar. ❤️
(Foto dos alunos de 2016, do Colégio Nahim Ahmad - 1º/02/2016)
#somosahmad #somostodosahmad #brilhaahmad #sempreahmad


quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Missão, Visão e Valores

Aprendi que "missão" é a alma do que realizo. A minha é nobre demais!
"Valores" são os princípios que reverencio, o que eu valorizo e considero imprescindível. E "visão" é a meta distante, mas que me faz vibrar a cada dia por me aproximar um pouco. 
Minha missão? Educar!
Meus valores? O amor e a verdade!
Minha visão? Um mundo educador, com um povo aprendiz e professor, simultaneamente. 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Semana Pedagógica

Todo ano eu adoro me ocupar preparando as atividades da semana pedagógica (a semana de planejamento, com os professores, que antecede o início das aulas). Neste ano a ideia foi olharmos para dentro de nós, com aulas de autoconhecimento e desenvolvimento humano, e para fora, buscando experiências educacionais inspiradoras ao redor do mundo. Para nos guiar por esta "viagem" interior convidamos grandes profissionais de destaque na área empresarial com treinamentos realizados dentro e fora do país. Hoje a atividade foi com Roberto Ziemer, autor de livros, especialista em liderança e cultura organizacional. O trabalho foi profundo, acerca dos nossos medos e crenças limitantes. Aprendemos que sabemos muito pouco sobre nossos medos e essa distância só faz com que os temores fiquem maiores e dominem nossas atitudes, deturpando a realidade; que reconhecer e estudar os medos faz parte de saber quem somos; que os medos são contagiosos e influenciam pessoas à nossa volta principalmente se estamos inconscientes; que para ser líder é preciso liderar a si mesmo; que o educador ensina com o exemplo e que jamais poderá ensinar o que sequer aprendeu ou pratica. 
Semana que vem começam as aulas, até lá ainda teremos reunião de pais na sexta e momentos criativos para expressão da equipe, assim, além de olharmos para fora e para dentro, olharemos para frente. O futuro nos espera! 💙💙💙
#somosahmad #brilhaahmad #colegioahmad #somostodosahmad

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

2016 é um bebê. Agradeço por 2015!

2015 se foi com a responsabilidade de ter sido o ano mais difícil que já vivi. Foi o ano da verdade e das transformações. Foi o ano de expressar a minha verdade, com inteireza, de manifestar a minha beleza e o meu poder de uma forma que eu não tinha aberto caminho antes. Foi o ano de ser honesta comigo e com os outros e esta honestidade permitiu a honestidade dos outros comigo. Relações baseadas em honestidade são mais desafiadoras, geram a liberdade de sermos o que realmente somos. Às vezes precisamos experimentar períodos de luto para encarar as verdades das pessoas que amamos. Às vezes são elas que precisam deste luto para suportar a verdade que somos, imperfeitos, evoluindo, aprendendo... Além de ter sido o ano mais difícil da minha vida também foi meu melhor ano até agora (sinto que 2016 o vai superar). Foi o mais difícil pelo que aconteceu e foi o melhor pelo que eu fiz com o que me aconteceu (não podemos escolher o que acontece, mas podemos escolher o que vamos fazer com o que acontece!). 2015 me espremeu, extraiu de mim a seiva da minha vida, o néctar do meu sabor, a cor da minha alma. Por isso eu agradeço. Agradeço a coragem de seguir os comandos do meu coração! (Não é fácil, mas é libertador!) Agradeço a música dos meus sonhos que sussurra em meus ouvidos o caminho para realizá-los. Agradeço a semente do silêncio que faz florescer as verdades que quero continuar plantando. Agradeço a irmandade humana, brilhante e repleta que me acompanha. Tenho sonhos grandiosos e não estou sozinha. 
Agradeço ao meu mestre externo, capaz de acordar em mim o meu mestre interno, (a minha conexão comigo mesma) e a percepção da manifestação de Deus em todas as coisas, situações e pessoas da minha vida. 
Agradeço à você que me lê, por minha acompanhar com seu olhar, de perto ou de longe, trazendo a sua presença aos meus dias. 
Agradeço porque me sinto inspirada, 2016 é um bebê que nasce sorrindo. Que você possa recebê-lo com alegria e criá-lo com amor!

Compartilhei aqui a minha lista de agradecimentos do ano que passou, qual a sua lista? Vamos iniciar este ano com gratidão nos inspirando com as histórias, conquistas e aprendizados uns dos outros?
(Foto:27/3/2015)