sexta-feira, 4 de novembro de 2016

GPS da alma

Há alguns anos eu comecei a compartilhar alguns insights da minha busca por autoconhecimento. 

Está é, sobretudo, uma jornada interna. É preciso atravessar dores do passado (são sempre elas que plantam o sofrimento do presente), porém por serem as "raízes", na maior parte estão em áreas de difícil acesso consciente, protegidas por camadas de amortecimento, esquecimento e apego. É isso que fazemos com a dor, não é? Escondemos em porões escuros, para ninguém ver, principalmente nós mesmos, para não sentir. 


Só que junto com a dor negada está a nossa essência, a espontaneidade, também condenada aos porões do nosso ser, pois é só na liberdade do que realmente somos que sentimos a vida inteiramente. Só assim somos feridos, mas também só assim abrimos nossos canais para receber amor, alegria, união. Se nossos canais estão fechados, se nossos sentimentos estão reprimidos, vivemos uma vida artificial. 

Meio-sorrisos, meias-alegrias, meios-amores, meios-relacionamentos, meias-entregas... Nada é inteiro e vivo. 


Até que alguns raios de luz, lampejos de consciência, atravessam as frestas das portas que protegem o porão. Somos banhados por uma luminosidade, por instantes, que, às vezes ilumina a nossa dor, parece que vamos morrer (quando na verdade é só um sinal que ainda estamos vivos mesmo após tanto amortecimento), ou então, ilumina a nossa alegria, o amor, somos capazes de sentir novamente um prazer puro, um gosto de infância feliz, de abraço verdadeiro, de amizade, de "eu te amo" em silêncio. Respiramos fundo para sentir!


São sempre poucos instantes, mas suficientes para nos lembrar quem somos, o que viemos fazer aqui. Dura até o esquecimento do momento seguinte...


Mas há os que sustentam esses instantes. São raros! Na simples presença deles somos iluminados por sua luz. Sentimos ainda mais fortemente este acesso de consciência. Estes seres são poderosos, porque são eles mesmos. Não fingem, não escondem a dor, não maquiam os sentimentos, por isso os chamamos "iluminados", "mestres", "gurus", "santos". Eles nos lembram que é possível o despertar em vida. Generosos que são nos ensinam o caminho que percorreram, nos oferecem o mapa de percurso. São o GPS ou o Waze da alma. Têm o localizador perfeito. Eles nos encontram. E se estivermos prontos nós os encontramos também. 


São o símbolo externo do que há dentro de nós. Até sermos capazes de nos fundirmos no que eles são. A luz é a mesma. A nossa só está apagada. 

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