sábado, 23 de maio de 2015

Nascimento da vida e consciência de viver

 Ontem eu vivi uma das maiores emoções de toda a minha vida. Eu agradeço muito por fazer parte desta família que me permitiu entrar em contato com esse momento tão mágico, tão verdadeiro, que acontece todos os dias, mas que não nos damos conta: viver! Porque estar diante de um nascimento renova todos os nossos conceitos sobre o milagre de viver. Alguém nascer faz respirar em nós a nossa própria vida e vibrar na pele o respeito e amor por cada vida deste mundo, por cada pessoa que nasceu e vive, e por todas que viveram esta experiência [viver] e não estão mais aqui. Tive um vislumbre de consciência como se estivéssemos a maior parte do tempo dormindo, sem notar a riqueza e o milagre que é a vida. Recebi um sopro forte de "verdade" vindo de dentro do vidro, de uma criança absorvendo seu primeiro sopro e de todos em volta, cada um à sua maneira, sendo impactados por isso. 

A irmã do meu marido, Marília, deu à luz a sua primeira filha, minha segunda sobrinha. Ela teve todo o cuidado para que este momento fosse reservado e vivido intensamente por ela, seu marido, a equipe médica (que incluía sua prima Daniela e meu marido Paulo), ela estava um pouco avessa a expor este episódio a um grupo de pessoas assistindo ao vivo por um vidro, soava um pouco como uma "espetacularização" do nascimento, creio eu. Eu pensava da mesma forma, achava esquisito expor um momento tão íntimo. Mas da sala ao lado, onde aguardávamos o nascimento, recebemos a mensagem de que ela tinha liberado o vidro. Flora tinha acabado de nascer, de fora da sala vi aquela pequena criança ainda absorver suas primeiras frações de ar, todo seu corpo movimentar-se com este enorme desafio vivido pela primeira vez, vi meu marido emocionado chorando, tanto quanto eu, presenciando o "tornar-se mãe" de sua irmã mais nova. Vi os recém-pais tranquilos e tocados e a médica e prima segurando todas as pontas para não chorar junto com a família inteira. Do lado de fora os quatro avós não sabiam se riam, pulavam, choravam e faziam um pouco de tudo isso para verem um pouco mais, o que nem mesmo os olhos acreditavam serem capazes de ver. Os sentidos desacreditam que a vida existe. O coração pulsa no peito para provar que é verdade. 
Eu me senti um pouco mais viva, um pouco mais "pessoa", um pouco mais"gente" do que costumo ser, um pouco mais humana do que minhas distrações permitem...

Enquanto eu chorava e tirava fotos, nem sei como, a cortina se fechou. Todos saíram. Precisei de alguns longos minutos sozinha para chorar mais e sentir mais a emoção que eu deveria sentir em cada instante da vida. Fui tomada. 
Silenciei com os olhos fechados para estender, o máximo que pude, aquela sensação de presença e consciência que Deus me presenteou sentir. Fui arrebatada!
É exatamente a sensação que busco através da meditação: sentir-me viva, plena, completa, unida a tudo e a todos, mesmo aos que parecem dormir... 
A sensação de uma compreensão maior que demora a chegar: "Como não chorei assim antes? Como não vivo assim emocionada? Eu deveria me sentir assim o tempo todo. Então é isso que é estar vivo!"
E, sinceramente, como não me sinto assim o tempo todo, não é sempre que estou completamente viva e desperta, não é sempre. Mas agradeço por cada instante em que isso acontece!

Flora acabou de nascer e já começou a nos ensinar. ❤️

(Na foto: de perfil, meu marido Paulo e, no centro, a prima dele, e da mãe, vendo toda a família no vidro e sendo com maestria a médica responsável pelo parto. Mágico!)

Uma lição de vida (e amor!) no elevador

Em 23 de fevereiro de 2015:

Depois de um dia longo de tristeza com a perda de uma amiga querida, de muitos abraços em seus irmãos tão queridos quanto, da tentativa de dar algum consolo a sua mãe, de uma visita a minha mãe, eu cheguei na garagem de casa exausta. Do elevador saem um casal de senhores distintos, alegres, bonitos. Eles sorriem para mim e meu marido e a alegria deles nos invade. Entramos no elevador, ele segura a porta e ela pergunta se moramos no prédio. Dizemos que há 2 anos. Ela explica que nunca nos viu porque não usa muito o elevador pois mora no primeiro andar e emenda a pergunta: vocês estão casados há quanto tempo? Assim que respondemos o senhor nos diz: "estamos casados há 55 anos". 
Eu amo casais que estão juntos há bastante tempo, eles me trazem esperança e fé no amor, sempre que posso eu abordo e pergunto há quanto tempo estão juntos e em seguida lanço um "como faz?", adoro conversar com essas pessoas e ouvir como elas me respondem, dessa vez ele me disse: "Como faz? Eu acordo todos os dias, olho para ela, dou um beijo na boca e digo 'eu te amo', isso há 55 anos, todos os dias", ela ouvia sorrindo de orelha a orelha e os dois aparentavam muito mais jovens do que são. Aquela energia contagiou a gente de tal forma que eu abracei meu marido e desejei que possamos construir um relacionamento assim, verdadeiro, presente, amoroso, que seja um amor que possa se espalhar pelas pessoas, inspirar os mais jovens e nos ensinar a ser, cada vez mais, quem somos.

domingo, 17 de maio de 2015

Festa Infantil




Papai & mamãe da Amora, esse aniversário foi muito fofo!

Por muito tempo as famílias se acostumaram a fazer aniversários infantis em buffets com super produções que atendem mais a necessidade dos pais de se autoafirmarem do que a delicadeza da infância de ser só si mesma, com acolhimento e amor. As crianças precisam do lúdico, da imaginação, da criação para crescerem saudáveis e conectadas. Uma festa onde tudo está planejado (por adultos) e não há espaço para esta "criação", para a invenção da brincadeira como experimentação do mundo, não é uma festa infantil, pois a "brincadeira" mesmo, foi feita pelos adultos. Sobrou para a criança copiar, repetir, seguir o planejado. Assim agem os "monitores" dos buffets, propondo atividades o tempo todo para entreter os pequenos e despreocupar os pais. 

Hoje, na festinha de 2 anos da minha sobrinha, fiquei feliz em ver a "produção" amorosa dos pais, que receberam os convidados na casa dos avós. Conforme a festa foi enchendo de gente e crianças, Amora, minha sobrinha, diante do "agito" pegava a mão de seu amiguinho querido (no caso, Paulo, meu marido) e pedia: "vamos para a cabana". A cabana ficava do lado de fora da casa, em seu espaço aberto ela podia olhar para cima e ver o céu, andar em seu cavalinho e atravessar montanhas e florestas sem sair do lugar. 

Que possamos permitir à criança o sonho, a pureza de sonhar, antes de realizar o que ela jamais sonhou e que pode impedir que o sonho exista. 

sábado, 16 de maio de 2015

Livros e livrarias



Eu já contei uma vez que um dos passeios familiares que fazíamos muito na minha infância e adolescência eram idas ao shopping. Meu pai tinha muita paciência com suas 4 mulheres (minha mãe, eu e minhas duas irmãs) ele adorava nos esperar na livraria, conforme cada uma ia acabando o que queria fazer a livraria era nosso ponto de encontro para esticarmos em um jantar ou sorvete. Era comum que cada um de nós escolhesse um livro, meu pai lia às vezes mais de um por semana e sempre nos dizia que com livro não se faz economia. Até hoje acho tão gostoso visitar as livrarias no final das compras (ou durante, ou antes). Sempre pego vários para olhar e procuro comprar apenas um por vez, nem sempre consigo. Hoje comprei esse primeiro "Como ficar sozinho", uma indicação do Léo Fraiman, o autor das apostilas de autoconhecimento e projeto de vida que usamos no Colégio Nahim Ahmad. O segundo se chama "O brilho do bronze", do historiador Boris Fausto, que vai ser um dos convidados da Flip deste ano, a festa literária de Paraty. 

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Amor de irmãe



Acerca desta foto, postada por minha irmã no facebook, em que a seguro com amor e cuidado em seu aniversário, eu escrevi a ela:

Eu ainda não tenho filhos e não sei se terei mas você e Deza foram o vislumbre da maternidade em minha vida. Eu me senti um pouco "mãezinha" de vocês, embora não tivesse um pingo de maturidade para isso... Sei que fui muito cruel, mas também amei muito e ainda amo. E para sempre vou amar você e Deza (Andreza Ahmad) como as filhas de uma gestação no meu coração. 

domingo, 10 de maio de 2015

O dia das mães e a gratidão pelo feminino em mim



Estas são as reverberações do feminino em mim, 
"Como um eco que sem querer ressoa"(Drexler)
Uma origem e um destino,
Uma partida e um caminho,
Um deixar-se e um vir-a-ser:
Mãe, filha, irmã
Aspectos da deusa, mãe divina,
Que habita todas as mulheres
Aquela que tem útero
De onde a vida brota
E faz continuidade
E faz eternidade
Para a matéria mortal. 
"Eu recebi essas flores, beleza que não tem igual..." (Prem Baba)
Estas são as flores que recebi no jardim da minha vida. A primeira flor foi minha mãe, eu a recebi como mãe, enquanto eu me tornava sua primeira filha. Ela foi meu portal de nascimento neste mundo, fiquei em seu colo interno durante meses e passei pelo vão do seu corpo para tornar-me eu: Aline. Uma travessia que em uma esfera mais ampla ainda continua.  Depois, ainda muita pequena, meu reinado acabou. A chegada das minhas irmãs dilacerou meu ego, moeu meu sentimento e, ao mesmo tempo, fez brilhar a minha vida para sempre. Eu recebi duas raras e femininas flores. Um jardim sagrado se compunha em minha vida. Não poderia jamais ser tão feliz e tão eu sem elas. Elas são a mais pura e real alegria da minha infância. Nem sempre estive consciente desta dádiva, nem sempre... Mas hoje estou! 
Quanta beleza e amor neste jardim!
Quanta gratidão por estar entre vocês!
E mais uma flor chegou, há quase 2 anos e outra se prepara para chegar no mesmo ventre mais jovem das irmãs: uma mãe que tem revelado a verdadeira riqueza da maternidade nesta familia: Adelita. Uma mãe que nasceu da minha mãe e que contém muitos pedaços meus, sangue, cor, pele. 
Minha mãe, rainha, Avanil, espero que você possa olhar seu jardim e ver as muitas reverberações e o florescimento do seu ser através de outros corpos. Somos pedaços seus! Obrigada por ter permitido esta existência, por ter nos escolhido como filhas e perpetuado esse império de mulheres na nossa família. Viva, você, mamãe! Viva! Viva!❤️❤️❤️
(Foto do almoço de dia das mães do ano passado, em breve a desse ano)

terça-feira, 5 de maio de 2015

A vida é mágica

A vida é mágica. Chega um momento que você olha para o céu e percebe. Era a imagem que faltava para concluir. 

Tenho vivido dias de muito florescimento no trabalho, quero compartilhar com calma estas sementes, que são o processo natural da flor e do fruto do ser: lançar sementes!

Hoje conversei com vários alunos do colégio que me pediram esse contato individual e pessoal. Estou com uma listinha ainda para atender. Lembrei que quando eu era adolescente, na idade deles, eu sonhava em estudar psicologia e, embora não o tenha feito academicamente, eu me lancei por estudar por conta própria e, sobretudo, por me estudar, mais profundamente há uns 5 anos. As coisas foram clareando e passei a acreditar na minha sensibilidade e intuição. Eu não sou uma psicóloga, sou apenas um ser que quer ouvir, conhecer e acalmar, trazer alguma consciência e clareza a esses jovens. Eles me dizem que sentem isso de mim: paz, calma. Fui muito paciente até conquistar estes "pacientes" que me procuram espontaneamente para pedir ajuda. Eu só posso olhar para o céu e agradecer. Enquanto procuro curar a história deles tenho certeza que curo a minha: vertendo a frustração em sonho realizado, o vazio em preenchimento, o dom em ação. É tempo de colocar o amor em movimento!❤️❤️❤️

domingo, 3 de maio de 2015

Amortecedores de consciência

Por que tantos amigos (queridos) associam alegria, bem-estar, descanso e feriado ao consumo de bebida alcoólica? Pelo visto os publicitários das grandes marcas entram em nossas cabeças (na minha não nesse caso, mas quando se trata do consumo de moda eu preciso reconhecer que eu caio como uma patinha) e nos convencem sobre o que é felicidade. Até parece que a alegria cabe dentro de uma garrafa, e cabe mesmo, para os que acreditam nisso. 
Só queria trazer um pouco de consciência para olharmos nossos vícios e refletirmos se esta alegria é verdadeira ou se é uma fuga daquilo que não queremos sentir?(seja o que for)
Os vícios tampam os buracos das sensações com as quais não queremos ter contato. Podemos até fazer uso deles, mas propagar que isso é um bom jeito de se curtir o domingo, ou sábado, ou o feriado? Para mim parece uma atitude sem consciência, uma confissão de angústia. Estamos mudando os valores de lugar, não?
Não estou julgando como quem olha de fora, mas como quem olha de dentro, pois também tenho meus vícios e acho que também sinto vontade, às vezes, de propagá-los para confessar-me. Então questiono a você e a mim. Que orgulho é esse que sentimos quando amortecemos nosso sentir consumindo, bebendo, comprando?