domingo, 7 de julho de 2013

Aline, preciso te dizer:

Aline, preciso te dizer que a vida nem sempre brilha, que as luzes nem sempre faíscam por dentro e que você nem sempre reluz como pedras em água cristalina sorrindo nos dias claros. 

Aline, preciso te dizer que a vida tem te dado tantos presentes, mas você muitas vezes se maravilha só com o embrulho. O melhor da vida é quando cai a casca. É quando se atravessa o escuro. É quando parece que o caminho chegou a um fim. Só que não é o fim, talvez seja simplesmente o começo.

Preciso te dizer que você fez tantas escolhas erradas e elas doem mesmo, elas rasgam pele, carne, espirram sangue, sobretudo na alma. A sua alma está suja desse sangue, por isso tantas lágrimas...

Descobertas profundas não acontecem todas as horas, embora existam em todos os instantes e nem sequer estejam encobertas... É que sem embrulho talvez você não as veja ou perceba.

Aline, as pessoas não são como você sonha, elas nem mesmo são como são. Por isso é tão difícil olhar para elas, porque tudo que verá é a si mesma. 

Aline, alguém só te magoa quando você permite. E impedir é não amar, e não amar é não viver. Aliás, Aline, as pessoas só te magoam porque você não as ama. Você, como todas elas, deseja ser amada. 

Preciso te dizer que cada minuto da vida é de encantamento e magia, se você seguir seu desejo. Sei que você tem se esquecido demais disso, é por isso que escrevo esta carta, porque também percebo que está muito próxima de lembrar-se mais.

Por mais violento que seja tudo que aconteceu até aqui, a maior violência é esquecer-se. Não de tudo, de você. O esquecimento de si é a maior violência pela qual uma pessoa pode passar. E todas passam. Você já passou e pode escolher, agora, deixar passar o esquecimento. Só assim a lembrança poderá voltar a reluzir o "seu" brilho e espalhar a "sua" luz.



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