quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Quem me procura

Na minha adolescência eu tinha muitos amores platônicos e era muito tímida. Eu já amava escrever, que era o único lugar de refúgio para todo o sentimento não expressado que morava em mim. Meus poemas contavam meus amores não vividos, tudo aquilo não realizado na vida, emitido somente em palavra. Quando me perguntavam para quem eu os escrevia, nem eu mesma sabia, era para um "outro" sonhado, que eu sequer conhecia, alguém que eu estava à procura. Mas se eu o procurava imaginei que ele também estava à minha procura. Então escrevi esse poema:

QUEM ME PROCURA

É muita amargura
Porque pra mim o teu olhar tem tal fissura
Que meu maior medo é do teu pranto
Derramando-me lágrimas que gritam
Tanto quanto gritam os que choram,
Tanto quanto choram os que por ti tem tal encanto
Choram porque te olham e não te encontram
Choram pelo medo e pela dor de te amar
Choram como eu choro
A desejar cada segundo do teu tempo
Meu maior desejo?
É estar em teu mundo e me encher de encantamento. 
Porque teu beijo é meu momento de ilusão 
É que o traduz e cristaliza sentimento e emoção. 
Vale a pena te amar ou não?
Vale a pena te ter então?
Vale a pena te querer em vão?
A não ser que deixes de ser minha amargura e passes a ser minha esperança pura de um novo amanhã. 
Acredito que te amar é uma loucura sã,
Porque não encontro ternura em teu olhar
Ainda que seja uma realidade dura
Vou ter que deixar de te amar pra encontrar
Quem me procura. 

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