terça-feira, 21 de outubro de 2014

Princesa


Quando entendi bem o que é ser uma princesa
de uma casa, 
Que transita na cozinha e faz bem a mesa
Somente então fui coroada

Uma conjuntivite avermelha os olhos e adoça os dias, de molho em casa, em pazes com livros empoeirados esperando leitura. Reconcilio-me também com as panelas. Arroz com grãos e passas. De molho me ponho a pensar em molhos. Comemos. Vamos andar de mãos dadas pela Av. Paulista. Atraída por um produto específico daqueles que carinhosamente chamo de "hippies da Paulista", entre pulseiras, colares e brincos ele vendia uma coroa. Olhei de perto e percebi que tudo ali era um produto para coroar-se, quem comprasse. Ele foi logo dizendo, "um presente por um sorriso". Imediatamente sorri, pelo que ele disse, não pelo presente. O "hippie" se pôs a trabalhar com uma espécie de arame em cor de zinco. Enquanto isso comentou: "Falta água em São Paulo, não?" respondi que sim, claro, e ele me mostrou os inúmeros carros brilhantes atravessando a avenida naquele instante. Aprendi. Triste constatação. Em seguida ele me coroou com um anel em formato de coroa.

Na simplicidade daquela calçada, depois de uma aula de humanidade e consciência eu pude finalmente ser a princesa que sonhei na infância. 

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