sábado, 4 de fevereiro de 2017

O que vale a vida

Entre mim e o mundo há uma distância inteira
Eu estou fora dele
Por isso o observo de longe
Com cautela de pedra
Eu me reservo ao que imagino
Não me firo com as mentiras
Tão pouco me alegro
Não sou alma
Sou embalagem de carne

Mas se eu respiro 
O ar me penetra por dentro
É um sopro de vida clareando o vácuo escuro. 
Se eu respiro o ar do mundo
Ele vive no meu colo
Sinto dor e também rio
Meu êxtase é tão completo
O sofrimento também 

Sabedoria adivinha que qualquer hora desisto por não suportar alegria sem desmesuras
Uma hora preciso voltar ao conforto da não existência 
Parece que foi de lá que eu vim 
É que foi lá que eu me inventei
Depois achei que eu era isso. 
Assim fui ficando. 

Restam as efêmeras lembranças. 
Elas já valem a vida. 
(Em 3/2/2017 às 21:29)

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