segunda-feira, 24 de julho de 2017

Infância

Num espaço sem tempestade caminho por uma estreita ponte. Não sei o que virá até que um novo dia amanheça. Não sei de onde vim. Se era luz ou sombra, de onde saí. Caminho para deitar meus olhos em outro lugar. Ouço muitos nomes, muitos sussurros. De repente vejo dois seres pequeninos brincando em um jardim. Há também pedrinhas brancas e uma árvore que nem sequer cresceu. São menininhas loiras, eu também sou pequena. Criamos o nosso mundo entrelaçadas por horas e anos celestiais. Uma vida de porcelana frágil e delicada. 


Eu me esqueci quem vocês eram. Esqueci para poder me lembrar. Só agora me recordo. Presenças sagradas da minha infância, com quem colecionei os momentos mais tristes que costuraram quem sou, de quem recebi as maiores alegrias do passado. Eu estava viva. Vocês também. Mesmo sangue, mesma história, mesma mãe. Ser mãe se abre como uma possibilidade. Estendo a mão e vocês ainda estão lá. Lá dentro. Andreza e Adelita

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