domingo, 11 de junho de 2017

Um passeio com Sócrates e Platão

Hoje acordei como um pássaro de amplas asas recebendo o calor do sol e o abraço do vento, em pleno vôo. As imagens me levam para além das palavras. Tudo porque ontem me encontrei com Sócrates pela primeira vez. Eu já o tinha ouvido de muitas bocas e também o tinha conhecido por meus olhos muito distraídos deitados em traduções pouco cuidadosas dos escritos gregos de seu discípulo Platão. Mas ontem, quando saí do curso "Fedro e a loucura da alma", com Cristina Rodrigues Franciscato, na Palas Athena, senti um ímpeto mais forte. Sócrates merecia meu olhar atento, através das palavras de Platão. Eu tinha sido levada pela mão aos arredores de Athenas, caminhado por lagos e relvas, repousado abaixo de um plátano, ouvido a música de verão do canto das cigarras e observado a atmosfera das ninfas. Foi inevitável que algo ficasse comigo desse passeio. Abro as páginas de "Fedro" e me emociono com a inteligência desse mestre (eu bem conheço a dádiva de ter um mestre vivo!), me identifico com Platão, esse discípulo que coloca nos lábios de seu mestre, Sócrates, as suas mais sublimes palavras. Claro, me questiono se admiro a um ou a outro, pois de ambos recebo versos coroados pelo tempo e pela mais almejada sabedoria. Sei que já não escrevo mais como eu mesma, como se tivesse respirado os vapores daquelas presenças e me tornado inspirada pelo que vivificaram na humanidade. Era assim: a pítia, sacerdotisa de Apólo, inspirava seus vapores, as folhas de carvalho (a árvore sagrada de Apólo) para dizer seus dizeres. Ao inspirar ela se tornava inspirada nele, habitada por ele. Debruço as narinas neste livro, respiro um pouco mais e escrevo. [Que convencimento a literatura é capaz de trazer!] Por quantos ares esse texto me leva a voar! 
Fedro pergunta a Sócrates se ele acredita em um mito.
"— Todo aquele que (...) se propuser a explicar cada um (...) precisará de muito tempo para isso. Mas não disponho, em absoluto, de qualquer tempo, e a razão para isso, meu amigo é a seguinte: continuo incapaz (...) de conhecer a mim mesmo, de modo que me parece ridículo investigar coisas sem relevância quando ainda permaneço ignorante (...) empreendo a investigação não de tais coisas, mas de mim mesmo"

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